31 agosto 2016

Contos - Lapso

Lapso

A noite está fria, sinto a garoa cair em minha face, leve como uma pena e fria como as geleiras do inverno.
Sinto-me abatido e cansado, minhas forças esgotadas e quase no fim. Não sei o que aconteceu ou onde estou. É tudo escuro que não consigo enxergar nada, apenas a escuridão acompanhada da solidão ao meu redor. Escuto o barulho do vento uivando acima de mim, imagino-me estar à beira de um desfiladeiro abandonado a própria sorte e destino.
Sem forças, entre em um sono profundo novamente, preciso me recuperar e sair desse lugar. Acordo, agora já é dia, mas ainda estou encharcado pela chuva e sinto meu corpo gelado e quase sem vida, as forças esvaziadas e consumindo o que ainda resta de mim.
O tempo passa e eu continuo ali, parado, aflito e angustiado, sinto-me como se eu tivesse precisando passar por isso, precisando de um vale antes de atingir o cume.



A solidão me desola, os pensamentos voam, a tristeza muitas das vezes é a única companheira que tenho nessa jornada e o que me levou a chegar aqui.
Destino? Coincidência? Escolhas?
Não sei, apenas sinto que isso logo irá passar, que logo terá fim.
Escuto um barulho ao longe se aproximando lentamente e ecoando em minha mente cada vez mais forte e de repente eu volto em mim, sentado na cadeira à beira da mesa dando vida a mais um lapso dessa máquina que chamamos de cérebro.


By Samuel Kramer Schwiderke 30/08/2016

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obrigada

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